Archive for 2012

Sem mais...!!!

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Nelson Rodrigues tornou célebre o conceito de “complexo de viralata”, a forma peculiar de complexo de inferioridade que o brasileiro em geral costuma puxar do bolso à menor derrota, ao menor fracasso. Esse complexo está bem ilustrado na famosa piada sobre a criação do mundo. Deus põe no Brasil as melhores florestas, as melhores praias, o que há de melhor na Natureza, e quando alguém reclama de tanto favorecimento ele diz: “Ah, você precisa ver o povinho vagabundo que eu vou colocar aqui”.

Eu proponho rebater essa piada com outra em que Deus está distribuindo as classes sociais no Brasil, e vai derramando aqui as elites mais egoístas e mesquinhas, os intelectuais mais colonizados, os banqueiros mais rapaces, a classe média mais consumista, os políticos mais venais, e assim por diante. Alguém protesta contra tanto castigo e Deus responde: “É porque você ainda não viu o Povo-mesmo que eu vou botar aqui, é um povo que vai passar por cima disso tudo e vai fazer um grande país”. A piada é besta? Não é nem piada? Sei lá, pra mim é tão boa ou tão ruim quanto a outra, porque a mente da gente aceita o que já está estruturalmente preparada para aceitar. Tem brasileiro que duvida do Brasil e pronto, acabou-se. Para ele, dizer que o Brasil não presta serve de camuflagem inconsciente para o fato de que quem não presta é ele.

Caetano Veloso disse uma vez em sua coluna no “Globo”: “Gostaria que, em vez de desvalorizar para se eximir, que é o que a maioria se acostumou a fazer, as pessoas se habituassem a valorizar o Brasil, porque isso dá mais responsabilidade”. Acho que ele detectou o nosso bug. Desvalorizamos o Brasil para que o Brasil não cobre muito esforço de nós, coisa que o Brasil faria se estivesse destinado a grandes realizações. Somos como o jogador de futebol que diz: “Pra que correr? Vamos perder de qualquer jeito...” E eis um belo exemplo de profecia que cumpre a si mesma.

Dizer que o Brasil não presta interessa a um grupo de deprimidos macambúzios (como desculpa para não fazerem nada, porque são mesmo incapazes de fazer seja lá o que for) e a um grupo de gente para quem o Brasil presta, e muito, do jeito que está – todos os que estão se enchendo de grana com o atual estado de coisas. “O Brasil é essa porcaria mesmo”, dizem, “todo mundo aqui é ladrão, todo mundo aqui é vagabundo, isso aqui não tem futuro”. Desmoralizar o país é uma simples tática para bloquear os que gostariam de moralizá-lo. Talvez o Brasil seja (na visão desses caras) um pitbull que vai estraçalhar todos os seus esquemas, as suas tenebrosas transações, no instante em que descobrir que não é um mero viralatas. Quem viver, verá.

- Braulio Tavares

Eduardo Galeano

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Tudo nos é proibido, a não ser cruzarmos os braços? A pobreza não está escrita nos astros; o subdesenvolvimento não é fruto de um obscuro desígnio de Deus. As classes dominantes põem as barbas de molho, e ao mesmo tempo anunciam o inferno para todos.
De certo modo, a direita tem razão quando se identifica com a tranqüilidade e a ordem; é a ordem, de fato, da cotidiana humilhação das maiorias, mas  ordem em última análise; a tranqüilidade de que a injustiça continue sendo injusta e a fome faminta. Se o futuro se transforma numa caixa de surpresas, o conservador grita, com toda razão: “Traíram-me.” E os ideólogos da impotência, os escravos, que olham a si mesmos com os olhos do dono, não demoram a escutar seus clamores. A águia de bronze do Maine, derrubada no dia da vitória da revolução cubana, jaz agora abandonada, com as asas quebradas sob o portal do bairro velho de La Habana. A partir de Cuba, outros países iniciaram, por vias distintas e com meios distintos, a experiência da mudança: a perpetuação da ordem atual das coisas é a perpetuação do crime. Recuperar os bens que sempre foram usurpados, eqüivale a recuperar o destino. Os fantasmas de todas as revoluções estranguladas ou traídas, ao longo da torturada história latino-americana, emergem nas novas experiências, assim como os tempos presentes, pressentidos e engendrados pelas contradições do passado. A história é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi, anuncia o que será.


- Eduardo Galeano in As veias abertas da América Latina

De Ti Que Sorri Das Dores

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É uma poesia escrita por mim (Clarissa Damasceno Melo) e musicada por João Paulo Hoffmann.

Nela, questiono:
Onde está a criança que vive feliz, vivendo nas ruas?
Onde está o respeito naquela mulher que só possui o próprio corpo para se sustentar?
Onde é que está o nosso Circo? Pois vivemos inseridos dentro de um circo que não tem graça, embora possua inúmeros palhaços.
Mas, acreditem: No meio desse bombardeio de picaretagem, nós existimos. Nós. Aqueles que riem das próprias dores. Pois, acordamos todos os dias com a perspectiva de nos vencer. Vencer nossos obstáculos. Aprender com as nossas derrotas, crescer com nossas vitórias. Nós existimos e é essa existência quem nos salva de tudo.
O pedaço de torta que está perdida é justamente o pedaço que a sociedade não come. Infelizmente, a aristocracia é bem real e anda nos beijando à toda hora. Onde está o nosso pedaço de torta?
E, por último, a sede de viver em quem nos faz saltar de nossas cadeiras para beber no cálice louco das oportunidades. Vamos viver em nós. Pois somos o mundo, nós somos tudo.
E nós podemos caminhar pra frente.

P.S.:

Link da música:

Link da letra da música:


CLARISSA DAMASCENO MELO

BAHIA!

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Fui convidada à participar da 22ª bienal do livro, em SP. Por motivo de força maior, não pude comparecer ao evento para receber as congratulações. Concorri com doutores em Literatura, Direito, etc, com escritores profissionais, residentes no Brasil e no mundo. Com esse texto, fui escolhida para figurar o livro "Homenagem à Jorge Amado". Comecei a falar da Bahia do mesmo jeito que comecei à falar de Rafael Mendes, talvez... Talvez seja a minha consciência, ou talvez eu saiba que Rafael não podia ser outra coisa a não ser a própria Bahia. 

***


Eis que, no tardar da hora, fui tomada por uma incrível tristeza fina e doce. Podia-se ouvir, horas atrás, no meu quarto, som de oguns do candomblé. Melodia sincopada e viril. Ika adobale ae. Foi só chegar ao último capítulo do livro em meu colo, que os sons tornaram-se ensurdecedores. Ika adobale ae. Ika adobale ae. Ika adobale ae!
Mas, quanto mais altos eram os sons, mais emudecida eu ficava. De biquinho no canto de boca, fitava as últimas folhas do livro que me tirava o fôlego. A cor escarlate da capa envelhecida misturava-se ao suor e ao sangue que escapavam de minha testa. Nem Nanã, em seu santo amor, acalmaria a aflição do meu peito. Tal prazer estava por um fio de acabar. E depois que eu virar a última página, terminar a última linha... Estarei acabando um namoro de cinco dias. Jamais fui capaz de amar assim.
Os Olhos de Xangô eram capazes de brilhar na doce desesperança de perdurar eternamente em meu colo. E estava ali, dando suas últimas respiradas antes de a última folha acabar. Comecei, então, a ler devagar, decodificar lentamente letra por letra. Pulava as sílabas, uma a uma, e as voltava, na decadente ilusão de ter o livro e o prazer por mais alguns segundos. Cheirar a folha amarelada de tempo. Ter nas mãos a pura Salvador. Abraçá-la e agarrá-la.
Traduzi, dias antes, a saga de toda uma nação resumida em um só lugar: Bahia de todos os santos, de todos os oguns. Bahia de cheiro doce. Bahia do céu claro até ao entardecer. Por que quando cai a noite, logo na virada do Sol em Lua, Salvador cheira a dendê. Bahia escuta afoxé. Bahia joga capoeira. Eu sou Bahia e o Brasil inteiro também é. E fui mais Bahia quando o livro de capa vermelha caiu em minhas mãos.
Senti-me adoecer de febre doida quando cheguei ao último parágrafo. Dor de cabeça latente, taquicardia pesada, sudorese exacerbada. Dor aguda no peito. Fechei o livro só pra adiar seu fim. Foi ridículo, sei, mas a ilusão de tê-lo vivo por mais tempo era ainda doce. Tão doce quanto minha relação com Pedro Archanjo. Os sambas de roda agudos em minha mente ainda, três linhas e só.
Respirei fundo ao respingar da profunda coragem. Era o fim de um relacionamento sério! Enchida de tristeza e devoção, li os últimos caracteres do amor mais profundo. E... o fim chegou. Chorei. Esmurrei o ar enchida de misticismo e amores. Dor e prazeres. Todos os níveis de estranhas sensações. Era a Bahia encarnada dentro e fora de mim. Agora, o vácuo que o vazio trás.
Na confluência de identidades idênticas, ouvi dizer de amores. A igualdade racial, religiosa e social. No crespo cabelo de Pedro, encontrei encantos no balançar de todo corpo que é vindo da Bahia. O marchar do dia a dia. A ginga nivelada de fronte ao medo. A sabedoria simples de um povo misturado e singelo. Na fritura doce do acarajé, todo o amor do mundo. Houve só um nome pra escrever os milagres dessa tenda: Um amado, Amado Jorge.


CLARISSA DAMASCENO MELO


O QUE CARREGO DO MUNDO

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Se não dor,
Que havia de ser?
Quando olho nos olhos
Daqueles que não têm pão
Quando passo pelas calçadas
Bem perto dos donos da rua
Quando não vejo a chuva
Qundo não tenho chão.
O que carrego do mundo
É pesado demais
Não tem voz, mas grita
O grito que todos ouvem
- De ouvidos tapados por mãos amigas.
Quando passo pela lama
A cena congelada que quero esquecer
Os meninos sem blusa
Sem terno
Sem pão.
O que carrego do mundo
O mundo de todos
- E de poucos.
Os cárceres lotados
A cena lotada de nó
De poeira
De pó
O que carrego do mundo
A sopa gelada
A colher vazia
O grito de todos
- De muitos.
O que carrego do mundo
Se não dor,
Que havia de ser?

CLARISSA DAMASCENO MELO

Correção Gramatical

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Conserteza
qui issu di disdizer
u que tá erradu na gramatica
é cois di genti chifrin.
purque se eu falar certin
e não diser
o qui si tem pra dizer,
as criança vão passandu fomi.
Caus' di que,
enquantu tentam corrigir a palavra
lá no meio do sertão
tem gente que ainda tenta corrigir
a falta d'água
e de pão.

CLARISSA DAMASCENO MELO

Até quando?

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ATÉ QUANDO?

Não adianta olhar pro céu
Com muita fé e pouca luta
Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer
E muita greve, você pode, você deve, pode crer
Não adianta olhar pro chão
Virar a cara pra não ver
Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus
Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer!
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Rindo da própria tragédia
Até quando você vai ficar usando rédea?!
Pobre, rico ou classe média
Até quando você vai levar cascudo mudo?
Muda, muda essa postura
Até quando você vai ficando mudo?
muda que o medo é um modo de fazer censura

Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ficar sem fazer nada?
Até quando você vai levando? (Porrada! Porrada!!)
Até quando vai ser saco de pancada?

Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente
O seu filho sem escola, seu velho tá sem dente
Cê tenta ser contente e não vê que é revoltante
Você tá sem emprego e a sua filha tá gestante
Você se faz de surdo, não vê que é absurdo
Você que é inocente foi preso em flagrante!
É tudo flagrante! É tudo flagrante!!

A polícia
Matou o estudante
Falou que era bandido
Chamou de traficante!
A justiça
Prendeu o pé-rapado
Soltou o deputado
E absolveu os PMs de Vigário!

A polícia só existe pra manter você na lei
Lei do silêncio, lei do mais fraco
Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco
A programação existe pra manter você na frente
Na frente da TV, que é pra te entreter
Que é pra você não ver que o programado é você!
Acordo, não tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar
O cara me pede o diploma, não tenho diploma, não pude estudar
E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado, que eu saiba falar
Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá
Consigo um emprego, começa o emprego, me mato de tanto ralar
Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar
Não peço arrego, mas onde que eu chego se eu fico no mesmo lugar?
Brinquedo que o filho me pede, não tenho dinheiro pra dar!
Escola! Esmola!
Favela, cadeia!
Sem terra, enterra!
Sem renda, se renda! Não! Não!!

Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!

Até quando você vai ficar levando porrada,
até quando vai ficar sem fazer nada.

GABRIEL O PENSADOR

Revolucionar

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          Revolucionar é uma palavra tão fácil de falar, mas um ato tão difícil de tomar. Uma decisão complicada quando se pensa em revoluções, imagina-se coisas do passado. Mas revoluções são tão atuais, tão constantes, estão por toda parte tentando mudar seu futuro. Isso. Seu futuro! Engajar sua vida numa causa requer: ideais, esforços, coragem. Coragem para lutar contra tudo que acha de errado lutar pelo que é certo sem ter medo, esforços afinal quantas pessoas irão de te dizer que o que está fazendo não vai dar em nada, que você nunca vencerá o sistema ou seja lá pelo que você luta. Ideais o mais importante de todos afinal se você não souber o que te incomoda se você não tiver consciência do que está errado se você não tiver um motivo se você não possuir ideais você não chegará a lugar nenhum.

         Então é o que fazemos acordamos toda manhã, pensamos em um futuro melhor mais não esperamos que ele caia do céu que de um para outro tudo melhore... isso é besteira, você sabe disso. Não sabe? Espero que sim. Afinal se você está lendo isso você tem um desejo de mudar as coisas mesmo que esse desejo esteja escondido uma hora, ele despertará eu só poderia te falar acorde, abra seus olhos veja o que esta de errado mude, revolucione, acione essa sua vontade de lutar. Você é capaz de muda seu futuro porque quem escreve seu futuro é você.

       Espero que após isso tudo, melhor dizendo: esperamos que após isso tudo você junte-se a nós, precisamos de você, precisamos da sua força; juntos podemos mudar o mundo, podemos criar um mundo ideal para você e para mim.

          Por Brennno Damasceno Varjão (via e-mail)

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Eleições.

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          Semana passada pude assistir de camarote a um debate político. Duas mentes debatendo sobre a atual situação política em que estamos inseridos. Enquanto debatiam e jogavam, um contra o outro, argumentos selvagens sobre politicagem corrupta, roubos explícitos, impunidade... pude perceber que todos os argumentos disponíveis eram..., pasmem, clichês.
          Se, até os nossos argumentos tornaram-se clichê, imagino eu, de boca aberta, o que se tornou nosso sistema político. Primeiro, você só decide se quer votar ou não quando tem 16, 17 ou mais de 70 anos. Nesse meio tempo, você é FORÇADO à exercer democracia. Democracia? Segundo, as opções de voto são sempre restritas. Quem são os candidatos? Ah... lembrei: aquele que na última eleição deixou bastante gente sem receber salário contra aquele que desviava dinheiro em seu último mandato. É aquela moça super gentil que não fez nada em seu governo. É aquele senhor, pai de não-sei-quem. E a lista, acreditem, é enorme, cheia de gente assim.
          Sinceramente, não sei o que fazer com meu voto. Só me resta a tecla branca. Vai doer quando clicar nela, mas, antes ela do que uma verdinha com poder psicodélico. E, cá entre nós: que ninguém saiba do meu voto! Pelo menos isso: já temos privacidade. E, olha que interessante: ao menos um ponto fora do retrocesso. Será isso o começo de uma evolução? Aguardemos.
          É ano de eleição. De voto. De escolha. E, como não deixaria de ser: de gritaria, competição, promessas. É chegado o momento em que somente uma escolha pode mudar o rumo dos ventos. E, enquanto carros de som competem em decibéis por uma vaga em nossos ouvidos, nossas cabeças estouram. Não basta os horários políticos da TV, é feita politicagem de forma desumana nas ruas. Posso garantir: candidato nenhum vence no volume do grito. É difícil demais entender isso? 
          Há, também, outra coisa que me tira a paciência: aquelas carinhas coloridas, estampadas no papelzinho, com um sorrisão (geralmente, eles sorriem. Se não nos ganham pela beleza, ganham pela simpatia). Em ano de eleição, costuma-se chover rostinhos sorridentes na rua. A poluição, portanto, torna-se generalizada: sonora, visual e mental
          E, cheguem mais perto! Aproxima-te mais pra saber mais uma verdadezinha que resolveu escapolir de mim: Em ano de eleição, se não houver cuidado, os hipócritas passam a ser nós. Verdade! Nós. Hipócritas. Os que reclamam demais. Os que veem defeitos demais. Mas, quantos dos que reclamam fazem realmente alguma coisa? Reclamar e não fazer, desculpem, é hipocrisia.
          Não basta somente destampar o bico da boca. Não basta somente abrir os ouvidos e olhos. É preciso levantar o bumbum da cadeira, movimentar as pernas, requebrar o quadril. Não somente em ato de dança. Mas em ato de amor pelo lugar em que se vive. Porque, embora o mundo já esteja cheio de gente reclamona, é disso que ele menos precisa: uma legião de reclamões.


Por CLARISSA DAMASCENO MELO

GRITO A CAUSA

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          O talentoso cantor e compositor João Paulo Hoffmann apresenta à sociedade sua nova canção GRITO A CAUSA, uma confirmação ao Manifesto de cunho social do qual participa e uma homenagem em memória de Rafael Mendes, que apesar de não estar mais entre nós, foi quem inspirou e motivou os jovens alunos da cidade de Itabuna a lutar por uma realidade diferente.
          A belíssima produção musical traz a assinatura do próprio João Paulo Hoffmann com a colaboração de uma amiga, Janaína Ferraz. Ambos com a intenção de fazer da canção um hino do Manifesto Rafael Mendes, estimulando não apenas os jovens, mas toda a população interessada a lutar, lutar por um amanhã melhor, por uma cidade com mais dignidade, educação, saúde e principalmente com ACESSO. Até porque todos nós temos, resguardado pela nossa Constituição Federal, os nossos direitos de cidadão.
          O Brasil não pode continuar sendo uma piada! Tiremos então a venda dos olhos e as mordaças da boca. Acordem! É tempo de mudança.


Por JANAÍNA FERRAZ MACÊDO

O Apocalipse

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NOTA PRÉVIA: Fiz esse texto há um tempinho. Com ele ganhei um concurso Literário e estou em um livro que será lançado mês que vem, em São Paulo. Acho que ele tem algumas coisas que remetem ao movimento e gostaria de dividí-lo com vocês (espero que gostem). Beijo Grande!
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          Que história mais fedida é essa que o mundo acabará em breve, em um possível apocalipse?! Os humanos são mesmo muito tolos, ou cegos, não se sabe. Tolos e cegos, na verdade. Tolos porque ainda esperam que, após o mundo desabado, tudo melhore, descarregando a responsabilidade de fazer algo a favor ou contra; cegos, por que ainda não viram que o mundo já desabou, e feio! O que temos agora é uma carcaça abandonada, cheia de destroços e chuva miúda, caindo devagar, lavando nosso juízo insano.
          O mundo não chegará ao fim, o fim já chegou ao mundo. Chegou com as primeiras notícias de estupro, roubo, politicagem – que faz referência íntima à segunda palavra, homofobia e intolerância religiosa. O mundo já morrera desde que o primeiro homem – ou primeira moça? Cercou um pedaço de terra e gritou: é meu! Mas esta história é bem narrada por outrem, não por mim. Os tolos que estavam ao redor foram tão tolos que permaneceram calados, mas os piores foram aqueles que, invejando tal ação, cercaram seu próprio lugar e gritaram em uníssono: é meu também!
          A dança do fim chegou quando o primeiro homem empossou-se de riquezas materiais e saiu por aí dizendo ser o mensageiro de Deus na Terra, pedindo dízimos e vendendo pedaços da cruz que nem sequer esteve na terra de Cristo, trocando latifúndios no paraíso por pequenas migalhas dos pobres. Este já era o fim, o apocalipse, ou redemoinho, a vilania ou outro qualquer termo que você queira adotar!
          O mundo jaz nas mãos do mal desde quando nós, de dois em dois anos, elegemos um ladrão para tomar partido e poder. Por que de dois em dois anos nós somos forçados a isso! E essa democracia? Que não te dá direito de decidir ou não se você quer votar ou quer ficar em casa vendo o circo pegar fogo. Eu ficaria em casa, comendo pipoca de microondas e assistindo a novela das sete, por que, afinal, somos alienados pelas novelas das uma, duas , três e o escambal de horas!
          O mundo começou a decair quando as pessoas eram mortas por gostarem de outras do mesmo sexo, ou serem queimadas vivas por não terem vergonha de gritar isso bem alto. O mundo morreu quando mendigos passaram a precisar apontar armas em nossas cabeças para que, só assim, pudéssemos olhá-los e gritar: Meu Deus! Por que acima de tudo, nós gritamos Deus somente quando precisamos de verdade. É irônico por que quando se trata de fim de mundo, devíamos gritar por Deus desde que nascemos, mas deixamos isso apenas para o momento de nossa morte, como forma de rendição de pecados selvagens.
          O mundo está acabado querido, e dessa carcaça sobraram destroços e música para que pudéssemos, ousadamente, dançar em cima, pisotear a dor, embrulhar as lágrimas que supostamente agravariam a situação. Nadaremos por aí, rezando as orações decoradas à força, mutilando o resto dos nossos irmãos e dizendo em voz alta, para enganar os cegos e tolos que sobrarem: O mundo vai acabar. E eles vão acreditar! Pois são cegos e tolos para perceber que, na verdade, o mundo já acabou.

Por CLARISSA DAMASCENO MELO

(. . .)

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          Eis que, no tardar da hora, respiro fundo na tentativa frustrada de esquecer uma certa dor que aparece aguda não somente em mim, mas em toda uma legião de alunos fascinados por um professor. Alegres, por um dia terem compartilhado a voz rouca e a alegria contagiante, inconsolados, por terem perdido uma personalidade tão brilhante quanto notada. E este é o típico dia que eu desejaria fortemente não existir. Mas existe e é todo nosso.
          Eu escreveria, se pudesse, um texto para transcrever e traduzir o que não costuma ter tradução: O amor incondicional pelos alunos que, inclusive, por ser recíproco, me coloca a tentar escrever. Mas quando escrevo, surge a teimosia. Por que sei, bem sabido, que jamais será possível traduzir em letras todo um amor que é meu e de todo mundo. Todo um tempo que se foi sem fazer despedida nem hora em nossa porta. Foi assim, de supetão, tudo.
          Eu poderia escrever sobre isso. Sobre o amor que a gente sente. Mas, o sentir amor está bem mais relacionado a se agarrar fortemente em algo ou alguém. Agarramos-nos a Rafael Mendes; porém, condiz mais dizer porque. E... digam-me: Por quê? Será o senso moralista passado em todas as aulas? Ou o típico baianês exaltado? Será, ainda, as performances musicais...? As duras críticas contra a politicagem corrupta e desumana... as injustiças sociais... O desapego nosso pelo lugar em que vivemos? Será o gingado que o mantinha de pé até mesmo na hora de proferir um palavrão? Será o jeito de nos fazer rir? Ou, será ainda, uma reunião disso tudo adicionado a um “mais” subentendido e resguardado?
          Foi-se um tempo não só de admiração, mas de devoção mesmo. Ele entrava na sala e todas as luzes se apagavam. Parecia que ele próprio era a luz que refletia no quadro. Era aula dele por si próprio. E, sabemos todos, ele brilhava sem fazer força.Dava aula olhando nos olhos. Parecia ter certeza de que era amado. Não será sua partida suficiente para nos fazer esquecer daquilo que foi belo. E será belo para sempre.
          O tempo vai passar, e, o que ficará, dentre todas as coisas que importam, é o sorriso sincero, o batuque baiano e a vontade de ver as coisas melhorarem.

Por Clarissa Damasceno Melo



P.S.: Daqui a alguns dias haverá um roteiro fixo para o conteúdo das postagens. Nos próximos, serão divulgados, pedaços por pedaços, um pouco de nossa ideia.
beijos , Até a próxima ! ;)

Um ideal

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Somos um grupo de jovens que luta em prol de uma sociedade melhor, uma sociedade que não sofra com a desigualdade, com a violência, com o ensino de baixíssima qualidade, que batalha contra o mais terrível dos males da região: a estagnação política e o conformismo.

Buscaremos em todas as camadas o apoio necessário para gritar para toda a região que os jovens ainda têm o poder da mudança nas mãos, estamos pra acordar o gigante que é a voz do povo!

Através de caminhadas, protestos e diálogo, o que for necessário para despertar o povo do sono da inércia e alamar os governantes da terrível situação em que vivemos. Por trás deste movimento não existe apenas jovens, existe uma ideia.

Acordemos! Pois o momento é agora, a situação é de decadência. Uma população ignorante é tudo que os canalhas que governam desejam; colocaram-nos de lado em prol de seus interesses particulares. A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso de nosso subdesenvolvimento.

Este não é um problema apenas da região grapiúna, e sim nacional, onde um pequeno grupo de governantes visando somente o poder e o enriquecimento pessoal lesa a vida de milhões de brasileiros. Vozes ecoam ao longe pedindo mudança, unidos numa só causa, num só ideal: seremos fortes! Nossa inteligência será nossa defesa.

Por Carlos Hohlenwerger